terça-feira, 11 de junho de 2013

Sambinha de ir embora


Acabamos. Só depois de um mês sem ele eu me dei conta disso. Passei um bom tempo acreditando piamente que ele voltaria, claro, por que não? Ele dizia que me amava tanto, eu lembro, eu juro. Um amor assim não acaba, gente. Mas a gente acabou, constato. E é triste não sentir mais aquele frio na barriga quando eu o vejo, nem todo meu corpo arder e enjoar ao passar por perto. O fim do amor é ainda mais triste que o nosso fim, como diz a Tati Bernardi. Meu amor morreu sufocado dentro do peito, coitado. O rapaz não o quis, então eu resolvi que não tinha mais espaço pra ele em mim também. Ele cruzou a porta, e eu a deixei aberta esse tempo todo, sem medo. Mas fez muito frio, porcaria. Eu dizia: "Ei, tá entrando muito vento. Tá me ouvindo? Vem aqui. Volta aqui e fecha a porta. A janela abriu também, que merda. Tá frio. Tem alguém aí?". Nunca ouviu. Nunca veio. Foi aí que eu levantei e tratei de fechar tudo. Eu, do lado de dentro. Ele, do lado de fora. É assim que tem que ser. Tô sentada no sofá da sala, já perdi as contas de quantos dias se passaram, tomando um chá pra tentar me curar. No começo achei ser gripe, mas agora desconfio que seja uma espécie de saudade mergulhada em solidão. Alguém bateu na porta, alguém do sorriso bonito, mas não é o dele. Não é ele. Por mim tudo bem, aceito companhia se trouxer um pouco de açúcar. Pro chá e pra vida.