domingo, 22 de outubro de 2017

O versinho que não é um versinho


Me abraça, me puxa, me segura, me tem. Não me afasta. Me traz pra perto, pra junto, pro lado. Me mantém. Às vezes, os ventos quase me levam. Me busca

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Pra onde eu devo ir?


Sinto como se meus olhos estivessem embaçados o tempo inteiro, como se uma fina camada de névoa estivesse o tempo todo à minha frente, me impedindo de enxergar com clareza coisas que estão há pouco ou muitos metros de mim. Lá fora o universo caminha em passos largos e eu me sinto presa dentro de mim mesma, como se meus pés não me obedecessem. Tudo dentro de mim é silêncio e isso aos poucos vai me enlouquecendo e me deixando surda. Acredite,  o silêncio pode ser estrondoso. Sou só eu e todas essas paredes brancas ao meu redor, minha voz ecoando, nenhum caminho se abrindo. Minha mente não para de girar e eu grito internamente, na tentativa de não incomodar ninguém. 

Eu sou só um pontinho minúsculo no meio do universo, e todos os dias algo me engole. No sentido literal e doloroso, sou tragada até que todas as partes do meu corpo estejam moídas e liquefeitas. Me refaço só pra ser estraçalhada outra vez, num ciclo infindável de pequenas dores. No fundo eu me considero forte, mas eu não consigo controlar todas as lágrimas que escapam demonstrando o quanto eu estou cansada de não chegar a lugar algum ou de tentar segurar meu universo com a palma das mãos. Eu olho pra frente e não enxergo nada. Eu tenho medo. Ninguém nunca vai entender. 

Abro o chuveiro e espero que a água leve embora todas as dúvidas e medos e todo esse sentimento de nunca ser suficiente. É, vocês sabem, não funciona muito, a água só carrega a sujeira mesmo. Mas a vida deve ser isso, uma constante tentativa de fazer algo dar certo. Alguma coisa, em alguma hora, em algum lugar. Nunca fui muito paciente. Nunca fui muito corajosa. Eu estou parada e inerte, puxo o ar com dificuldade, não pareço me encaixar em lugar algum. Eu estou parada, inerte, diante de uma nova fase. O novo é assustador. Atravessar algumas coisas sozinha, também.

E, em meio a todo o caos, eu tenho você.

Essa noite eu tive um pesadelo, eu sussurrei baixinho e você sussurrou um "eu tô aqui" de volta. Você nem imagina, mas eu vou lembrar disso por dias, meses, anos, uma vida. Você não faz ideia do quanto eu preciso que você afaste os meus medos e segure forte a minha mão. Eu não quero metades, eu quero o teu inteiro. Eu não quero os teus fins de semana, eu quero o cotidiano. Eu não quero tuas desculpas, nem o teu choro, não quero a tua indecisão. Eu quero que você seja a parte leve nisso tudo, mas eu preciso disso agora. Eu me desfaço com o toque dos teus dedos na minha pele e depois sinto isso queimar quando penso que você facilmente abriria mão outra vez. Não há espaço pra nós dois amanhã.

O peso do mundo dói em cada pedaço meu, e isso é o máximo que eu posso suportar.
Quanto ao amor, espero que você entenda. 

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

01:14



Não faz assim comigo. Não me estende a mão e depois tira. Não costura meu coração pra depois então rasgar. Eu sou um amontoados de cicatrizes, eu carrego o peso do mundo. Eu sempre soube que não seria fácil mas, sabe, tem dias que isso me atravessa e vai levando tudo, absolutamente cada pedaço meu até não restar mais nada. Nessas horas tudo que eu quero é poder descansar minha cabeça no teu peito e existir ali, em você. Hoje o mundo me atravessou de novo e você não me ouviu. Meu peito ardia a cada frase solta que você dizia, como se não estivesse me olhando ali na sua frente pedindo abrigo. Uma nova ferida se abria em mim a cada vez que você me deixava pra depois, pro dia seguinte quando você estivesse mais disposto. Eu achei que eu podia me esconder do mundo dentro da tua camisa favorita enquanto você deslizava o dedo indicador na linha da minha coluna, num carinho tão sutil que incrivelmente conseguiria acalmar minha existência. Acho que amanhã você vai bater na minha porta e sorrir meio sem graça, vai entrar e sentar na mesa da cozinha e falar do campeonato de futebol e me abraçar cheirando minha nuca como se quisesse me tragar. Você não vai dizer, mas vai vir porque no fundo sabe que eu precisei. Hoje você não veio e a culpa é minha por achar que você viria.


O choro mais triste do mundo é o meu.
Mas, baby, amanhã eu já me refiz.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Helena

Teus cabelos ralos, teus poucos fios brancos, tuas rugas distribuidas por todo rosto, tuas unhas sempre em tons de carmim, tudo teu ecoa dentro de mim. Tem um pouco de culpa se misturando aos meus globulos vermelhos. Eu queria ter visto uma última vez, ter te escutado dizer que eu não faço nada direito mas também ver teus olhos marejados ao me ver cruzar a porta, chegando ou saindo. Se eu soubesse que aquela era a última vez, Helena, eu juro que eu não te deixaria ir. Os últimos dias que eu tive você, reprisam em minha cabeça sem que eu sequer possa controlar o botão do play.

Eu posso te ouvir pronunciando meu nome, posso rever o medo refletido nos teus olhos, posso sentir o cheirinho do teu cabelo como se você estivesse me abraçando agora. Me desculpa, eu achei que você voltaria pra casa e que eu teria outras oportunidades de dizer o quanto eu transbordo de amor por você. Sabe, Helena, nenhuma noite foi mais escura que aquela, nem mais fria e nem mais longa. O dia seguinte amanheceu tão triste, no chuveiro a água lavava o rosto e se misturava ao choro, o peito ardia em brasa e não havia remédio. Na verdade, ainda não há. A vida escapa por entre nossos dedos e se quebra em mil pedaços quando encontra o chão. Meu coração acompanhou a queda, nunca mais foi o mesmo. Você deve ter levado um pedacinho dele, guarda contigo. Te guardo comigo. 


Tua ausência me dói por inteiro, Helena.

sábado, 8 de abril de 2017

Versinho de número seis


Mas é que de tanto te olhar, te decorei. E agora te transformo em palavras, pra te guardar comigo, pra te ler quando eu quiser.

terça-feira, 4 de abril de 2017

Versinho de número cinco


A gente sempre vai doer até florir de novo.

(A primavera sempre chega)

domingo, 2 de abril de 2017

A minha gratidão é uma pessoa*


Você me fez sorrir tanto que esqueci da ferida que latejava. Você me fez sorrir tanto que interrompeu meu choro, calou meus soluços, abriu as cortinas da casa inteira pra que o sol voltasse a aquecer a minha pele. Você tirou de mim o peso de ser infeliz.

*Título da música do Nando Reis