sexta-feira, 18 de agosto de 2017

01:14



Não faz assim comigo. Não me estende a mão e depois tira. Não costura meu coração pra depois então rasgar. Eu sou um amontoados de cicatrizes, eu carrego o peso do mundo. Eu sempre soube que não seria fácil mas, sabe, tem dias que isso me atravessa e vai levando tudo, absolutamente cada pedaço meu até não restar mais nada. Nessas horas tudo que eu quero é poder descansar minha cabeça no teu peito e existir ali, em você. Hoje o mundo me atravessou de novo e você não me ouviu. Meu peito ardia a cada frase solta que você dizia, como se não estivesse me olhando ali na sua frente pedindo abrigo. Uma nova ferida se abria em mim a cada vez que você me deixava pra depois, pro dia seguinte quando você estivesse mais disposto. Eu achei que eu podia me esconder do mundo dentro da tua camisa favorita enquanto você deslizava o dedo indicador na linha da minha coluna, num carinho tão sutil que incrivelmente conseguiria acalmar minha existência. Acho que amanhã você vai bater na minha porta e sorrir meio sem graça, vai entrar e sentar na mesa da cozinha e falar do campeonato de futebol e me abraçar cheirando minha nuca como se quisesse me tragar. Você não vai dizer, mas vai vir porque no fundo sabe que eu precisei. Hoje você não veio e a culpa é minha por achar que você viria.


O choro mais triste do mundo é o meu.
Mas, baby, amanhã eu já me refiz.